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                                                                    FERNANDO BURJATO

Fernando Burjato, é natural de Ponta Grossa, PR, (1972). Vive e trabalha em São Paulo SP. Artista plástico, graduado pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) e mestre (2011) e doutor (2020) em Artes, pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual

Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). As pinturas de Fernando Burjato, transbordantes de cor e tinta, convidam o espectador a um olhar ao mesmo tempo para dentro e para fora dos limites do quadro. A tradição construtiva brasileira, uma certa organicidade das crostas de tinta e mesmo um gosto pelo kitsch, na forma de degradês e cores fluorescentes adquire, em suas telas, inesperada convivência. Os desenhos em pastel, por sua vez, representam quadros, num estilo que remete à tradição trompe l’oeil. São como retratos de pinturas, reais e inventadas, do próprio Burjato. Se nos quadros nossos olhos vão para as bordas, aqui vão para o fundo, para o espaço mental, ilusionista, do desenho.

EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL

2024 - Pintura para fora, Curadoria Ana Avelar – Belizário Galeria 2021 - Ocupação em quatro tempos, Palácio Sônia Cabral, Vitória, ES 2020 - A Pintura olha para os lados, Galeria Alcindo Moreira Filho, Instituto de Artes da UNESP, São Paulo, SP 2014 - Mais Pinturas, Galeria Virgílio, São Paulo, SP 2011 - Galeria Virgílio, São Paulo, SP 2010 - Pinturas, Galeria Casa da Imagem, Curitiba, PR 2010 - Guaches e óleos, Sala Recife, Recife 2009 - Galeria Virgílio, São Paulo, SP 2004 - Cartesiano como o diabo, Museu da Gravura da Cidade de Curitiba, SP 2002 - Centro Universitário Maria Antônia, São Paulo, SP 1998 - Memorial da Cidade, Curitiba, PR. 1996 - Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP.   EXPOSIÇÕES COLETIVAS 2025 - Acervo – Belizário Galeria 2024 - De presente, o AGORA – Belizário Galeria 2024 - Entre o acaso e o planejado – Belizário Galeria 2024 - Tudo o que é sólido pode derreter – Belizário Galeria 2022 - 365 – Belizário Galeria 2021 - DIZER NÃO, Organização de Adriana Rodrigues, Edu Marin, Erica Burini e Thais Rivitti, Ateliê 397, São Paulo, SP 2020 - Abstrações sensíveis, curadoria de Júlio Martins, Galeria Orlando Lemos, Nova Lima, MG 2019 - Triangular: arte deste século, curadoria de Ana Avelar, Casa Niemeyer, Brasília, DF 2019 - 7ª Międzynarodowego Biennale Pasteli (7a Bienal Internacional do Pastel) –, Małopolskie Cntrum Kultury SOKÓŁ, Nowy Sącz, Polônia 2019 - Meu cuidado todo – Fernando Burjato, Cleverson Oliveira e Gabriele Gomes –, curadoria de Pollyana Quintella, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ 2018 - 1° Festival de pintura, Galeria Alcindo Moreira Filho, Instituto de Artes da UNESP, São Paulo, SP 2017 - Pinturas sem limites: Fernando Burjato e Bruno Marcelino, Galeria Casa da Imagem, Curitiba, PR 2017 - Mostra de Artes Visuais, Galeria do Instituto de Artes da UNESP, São Paulo, SP 2016 - O mundo físico – Fernando Burjato, Cleverson Oliveira e Gabriele Gomes –, Galeria Virgílio, São Paulo, SP 2016 - A cor do Brasil, Museu de Arte do Rio (MAR), curadoria de Paulo Herkenhoff, Rio de Janeiro, RJ 2016 - A cor no espaço, o espaço na cor, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, PR. 2015 - Aí estão elas que se diz já foram e nunca faltam – Carina Weidle, Fernando Burjato e Willian Santos –, Galeria Casa da Imagem, Curitiba, PR 2015 - Colapso – Fernando Burjato, Cleverson Oliveira e Gabriele Gomes –, Curadoria de Ana Rocha, Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR 2014 - Desencaixes – Fernando Burjato, Alexis Iglesias, Manoel Veiga, Luciano Zanette e Paulo Whitaker –, Galeria Quarta Parede, São Paulo, SP 2013 - Ora Bordas!,  Galeria Casa da Imagem, Curitiba, PR 2012 - 9, Museu de Arte da UFPR (Musa), Curitiba, PR 2012 - Fernando Burjato e André Rigatti, Solar do Barão, Curitiba, PR 2012 - Obras do acervo do MuMA após os anos 80, Museu Municipal de Arte de Curitiba, PR 2012 - Salão Paranaense, uma retrospectiva: desejo de salão, Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR 2011 - Arte Pará 2011- Ano 30, Fundação Rômulo Maiorana, Belém, PA 2011 - 6º VentoSul – Bienal de Curitiba, Casa Andrade Muricy, Curitiba, PR 2011 - Múltiplas faces, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, PR 2009 - Houston, we’ve had a problem, Galeria Casa da Imagem, Curitiba, PR 2007 - Matéria Opaca, Museu Murillo la Greca, Recife. 2004 - A matriz e a linguagem, Biblioteca Córdoba, Córdoba, Argentina. 2004 - Fernando Burjato e Rodrigo Cunha: dois jovens pintores brasileiros, CEU Alvarenga, São Paulo, SP 2004 - NOME, Casa Andrade Muricy, Curitiba, PR 2003 - Incursões, ECOMUSEU, Foz do Iguaçu, PR 2001 - EMCONTRA, Fernando Burjato, Fábio Noronha e Gabriele Gomes, Solar do Barão, Curitiba, PR 2001 - Vertical, Fernando Burjato e Adalgisa Campos, Adriana Penteado Arte contemporânea, São Paulo, SP 2000 - XII Mostra da Gravura Cidade de Curitiba, PR 1997 - VI Bienal Nacional de Santos, SP 1995 - 15º Salão Nacional de Artes Plásticas, Funarte, Rio de Janeiro, RJ 1994 - A Fala – Fernando Burjato, Gabriele Gomes e Cleverson Oliveira –, Galeria do Inter, CuritibA, PR 1994 - 10º Mostra do Desenho Brasileiro (referência especial), MAC/Curitiba, PR. 1992 - Arte Emergente do Paraná, Funarte, Rio de Janeiro, RJ. 1991 - 48º Salão Paranaense, Curitiba, PR.   OBRAS EM COLEÇÕES PÚBLICAS Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR), Curitiba, PR Museu Municipal de Arte de Curitiba (MuMA), PR Museu Oscar Niemeyer (MON), Curitiba, PR Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília (UnB), DF

Pintura para fora Fernando Burjato Fernando Burjato recolheu das televisões da infância as faixas coloridas que ocupavam a tela quando não havia programação nos canais abertos. Em sua formação, nos anos 1990, viveu os resquícios da exaltação da pintura da década anterior (particularmente relativa aos professores pintores). Quando começa a expor, ainda nesses anos, é um momento de revisão da arte abstrata modernista: ao mesmo tempo que se relia Clement Greenberg, havia um profundo cansaço dessa visão de autonomia dos meios. O discurso havia ficado velho (os estadunidenses Robert Rauschenberg, Frank Stella, Sam Gillian, Lynda Benglis, entre outros e outras fizeram essa crítica entre 1950 e 1960), mas a prática da pintura – tantas vezes declarada morta ou em crise – receberia outros sentidos. “Múltiplas possibilidades semânticas” se apresentavam, como escreve o historiador da arte Craig Staff em After modernist painting. A experiência dessa abstração contemporânea, permeada pelas referências modernistas, mas consciente dos aprendizados que as neovanguardas haviam trazido, retirava a representação da linguagem pictórica (que seria restabelecida nos anos 2000, localmente, embora tenha habitado a pintura neoexpressionista da virada dos anos 1970 para 1980 de maneira pouco literal ou mesmo reconhecível, em alguns casos). Como solução poética para Burjato, as faixas ofereciam possibilidades de se refletir sobre a história da pintura dita ocidental ao mesmo tempo que investigar os rumos atuais dessa prática, em sintonia com as atualizações trazidas pelos estudos da imagem. A pintura já não era apenas algo em si mesma, como acreditava Clement Greenberg, tampouco existia apenas na rua como o graffiti; seria mais um híbrido que incluía ainda a transformação do olhar e da própria percepção de mundo provinda da cultura digital. Nessa direção, em trabalhos recentes, os degradês aparecem com frequência em diálogo com a estética digital em seus efeitos cromáticos produzidos por meio de ferramentas de softwares para tratamento de imagens. Embora pareça uma técnica atual quando exibida pelas telas dos equipamentos eletrônicos, a passagem de tons ou cores desse modo sutil está nas pinturas suprematistas e nas volumetrias legerianas. Para além da sua visualidade, essas pinturas são objetos pesados, como se fossem fragmentos de estruturas arrancados grosseiramente da arquitetura – as rebarbas são carregadas junto; talvez essas faixas sejam coladas sobre telas para que tenham como ser penduradas na parede e nelas escorra a tinta a óleo, da camada mais superficial, até que seque. Burjato investiga assim visualidades que nos envolvem. As combinações de cores e o tratamento destas se modificam conforme a percepção da vida e os sentidos da História tomam rumos diversos, sempre a partir da experiência urbana. No decorrer de sua trajetória, as pinturas deixam de ser regularmente e repetidamente retangulares, como aquelas que serviram ao começo da série, e ganham sinuosidades repetidas ou recortes, alguns deles lembrando o contorno das nuvens de desenhos animados e ilustrações de livros infantis. Por vezes, as pinturas é que parecem ter sido recortadas assimetricamente de outras maiores. Às vezes, simulam o verso das telas revelando um chassi (lembrando a tradição da pintura quando chamava essa técnica de trompe l’oeil porque buscava fingir ser aquilo que não era). Há um jogo divertido na disposição das cores e dos procedimentos – a tela pode ser dividida na metade, em dois terços ou fatiada igualitariamente em diversas faixas semelhantes, cores se alternam com degradês e efeitos metalizados. Esse aspecto brincante pode ser observado ainda nos guaches com formas mais orgânicas que são realizados sobre papel – e entendidos pelo artista como desenhos. Tais formas estão na arte abstrata europeia do início do século XX, com Matisse, Miró, Kandinsky e Hilma af Klint, em meados do mesmo século com tantas e tantos outros artistas – de Helen Frankenthaler e Arshile Gorky às de Willi Baumeister, podendo ainda ser conferidas nas esculturas de Barbara Hepworth e nos jardins de Burle Marx. Nos dias atuais, o conforto que essas formas biomórficas trazem foi apropriado pelo design e está largamente difundido no mobiliário e pelo comercio de pôsteres de reprodução, cujas autoras e autores são frequentemente contratados – e pagos – on demand, alimentando as vastas prateleiras de megalojas de construção e decoração. Os guaches de Burjato fazem uma discussão da pintura a partir de fenômenos visuais – e de consumo – contemporâneos. O artista opera nesse encontro entre contextos e sentidos da pintura biomórfica, da mesma maneira que quando encontra as faixas – cujas cores são distribuídas intuitivamente a partir da experiência cromática que o artista possui em 30 anos de prática, entendendo aqui a intuição como “processo básico de toda compreensão, sendo exatamente tão operacional no pensamento discursivo quanto na clara percepçãosensorial e no juízo imediato”, nas palavras da filósofa estadunidense Susanne Langer. A mesma operação aparece nas pinturas ou, melhor, nos pasteis que brincam com máximas conceituais de René Magritte e Joseph Kosuth – esta não é uma pintura (um cachimbo) embora seja; uma pintura, a ideia de uma pintura e a imagem de uma pintura estão juntas (ou de uma cadeira). A surpresa está em saber que, na maioria das vezes, não há uma pintura correlata àquela que parece ter sido reproduzida em pastel. São nomeadas pela datação – dia/mês/ano – o que reforça o vínculo com o pensamento da arte conceitual, ao mesmo tempo que com a pintura autorreferente dita modernista. Em termos mais próximos, o Neoconcretismo percebeu que havia um cromatismo sintomático da cultura brasileira e o pinçou no carnaval, na construção civil autônoma, pois necessária para a moradia em locais onde o poder público só atua com violência, na praia. Burjato a coleta nos portões das lojas em moradias adaptadas, frequentemente recobertas por azulejos. Paredes, portas, janelas, muros, fachadas, portões, ruas, placas, postes (mesmo cemitérios) que recebem cor. Engana-se o estrangeiro que pensa que esse cromatismo é evidência de uma vida exultante. Está mais próximo de uma euforia, que tem seu equivalente contrário na desolação. Burjato nota como a cultura arquitetônica que nos cerca, tanto urbana como rural, pode ser tudo, menos monótona em termos de cor (embora grande parte das atuais incorporadoras responsáveis por edifícios residenciais busquem construir um gosto médio baseado em enfadonhas variações de bege sob o pretexto de diminuírem a manutenção). Nesta exposição, há um pouco de cada rumo da investigação pictórica de Burjato porque essas ramificações são partes constitutivas de seu trabalho atual. Toda pintura contemporânea é tradição bem como experiência vigente (tanto aquela vivida coletiva como individualmente), dada a longa duração dessa prática. Cada artista relaciona-se com esse fato a seu modo. O modo Burjato de operar é pela redução e ampliação, alternadamente, das possibilidades lexicais e semânticas da pintura, orientando-se pelas contingências decorrentes tanto do processo de pintar como do fato de se existir em determinadas conjunturas. Disso resultam pinturas para fora, que podem estar nos lugares de arte – como esta galeria –, mas que existem em espaços de qualquer outra natureza; espaços de convívio. Converse com all stars. Curadora: Ana Avelar

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